Controle de pH e problemas com carbonato de cálcio na osmose reversa

O controle de pH surge como uma estratégia central na prevenção do problema de formação de incrustações, principalmente pelo carbonato de cálcio (CaCO₃), um dos principais responsáveis por perdas de desempenho e redução da vida útil das membranas de osmose reversa. A eficiência desses sistemas depende diretamente da qualidade da água de alimentação e do controle rigoroso de variáveis operacionais.

Como o carbonato de cálcio prejudica as membranas de osmose reversa

O carbonato de cálcio é um sal pouco solúvel que precipita quando a concentração de íons cálcio (Ca²⁺) e carbonato (CO₃²⁻) ultrapassa o limite de solubilidade. Esse depósito sólido, chamado de scaling, gera diversos efeitos indesejados, como o aumento da pressão diferencial, a redução da vazão de permeado, a elevação do consumo de energia e a diminuição da vida útil das membranas.

Um dos principais fatores que favorecem a formação de carbonato de cálcio é justamente o pH da água. Quanto maior o pH, maior a tendência de precipitação.

O controle de pH atua diretamente sobre as formas químicas do carbono inorgânico presentes na água. Variações no pH alteram o equilíbrio entre dióxido de carbono, ácido carbônico, bicarbonato e carbonato, modificando o risco de precipitação de CaCO₃:

– pH abaixo de 6,5 (meio ácido): a maior parte do carbono está na forma de CO₂ ou H₂CO₃. A solubilidade do carbonato de cálcio é alta, e o risco de incrustação é baixo.

– pH entre 7 e 8,5 (neutro a levemente alcalino): há maior presença de bicarbonato (HCO₃⁻), que, em contato com cálcio, pode começar a formar carbonato de cálcio, principalmente em sistemas com alta recuperação.

– pH acima de 8,5 (alcalino): o bicarbonato se converte em carbonato (CO₃²⁻), potencializando a rápida precipitação de carbonato de cálcio, com maior risco de scaling severo.

Por isso, o controle de pH rigoroso é uma das formas mais efetivas de manter o equilíbrio químico e preservar a integridade do sistema de osmose reversa.

Estratégias práticas para o controle de pH e prevenção de incrustações

Diversas medidas podem ser aplicadas para garantir um controle de pH adequado e minimizar os riscos de formação de carbonato de cálcio:

1. Acidificação da água de alimentação

A dosagem controlada de ácidos (como ácido sulfúrico ou clorídrico) reduz o pH, favorecendo as formas solúveis de carbono inorgânico.

2. Uso de anti-incrustantes específicos

Inibidores de incrustação atuam na dispersão de cristais e dificultam a formação de depósitos sólidos nas membranas.

3. Pré-tratamento por abrandamento (troca iônica)

A remoção dos íons cálcio e magnésio antes da osmose elimina os principais agentes formadores de incrustação.

4. Controle da taxa de recuperação do sistema

Operar o sistema dentro dos limites adequados de recuperação evita concentrações críticas que favorecem o scaling.

O controle de pH não é apenas uma prática recomendada, é um pilar técnico indispensável na operação de sistemas de osmose reversa. Ajustar o pH de forma adequada permite prevenir incrustações, otimizar a performance do sistema, reduzir custos operacionais e prolongar a vida útil das membranas.

Como a Liter pode ajudar no controle do pH

Na Liter, oferecemos soluções completas em tratamento de água, com suporte técnico especializado em controle de pH, sistemas de abrandamento e monitoramento contínuo da performance dos sistemas de osmose reversa. Nossos serviços e produtos são personalizados para cada aplicação industrial, garantindo segurança, eficiência e durabilidade para seu processo.

Leia também: Contaminantes e pré-tratamentos para osmose reversa: o que você precisa saber.

Compartilhe esse conteúdo:

Leia também

Desinfecção avançada com ultravioleta e cloração: combinar tecnologias eleva a segurança da água

Usar ultravioleta e cloração de forma combinada cria uma barreira múltipla capaz de ampliar o espectro de inativação de microrganismos, reduzir riscos operacionais e otimizar custos. Isso porque a desinfecção representa a última “trava” de segurança no tratamento de água e onde falhas custam caro. A seguir, você entende como funciona, quando aplicar e quais cuidados de projeto e operação adotamos na Liter. Ultravioleta e cloração: entregas e limites de cada tecnologia A radiação ultravioleta (UV) atua danificando o material genético (DNA/RNA) por fotólise, impedindo a replicação microbiana. – Pontos fortes: ação imediata; não gera subprodutos químicos; eficiente contra cistos e oocistos (ex.: Giardia, Cryptosporidium). – Pontos de atenção: não deixa residual e depende de dose (mJ/cm²) e UVT da água; subdosagem pode permitir reativação. Já a cloração atua com substâncias como HOCl/OCl⁻ que oxidam estruturas celulares e enzimas; deixa residual que protege reservatórios e redes contra recontaminação. – Pontos fortes: custo competitivo; controle de biofilme/alga; essencial para distribuição e reúso com armazenamento. – Pontos de atenção: alguns organismos são mais resistentes; pode formar subprodutos (ex.: THMs/HAA5) quando mal dosado ou em água com altos precursores orgânicos; sensível a pH (HOCl é mais eficaz em pH levemente ácido/neutro). Por que

Leia Mais

Prevenção de biofouling em osmose reversa através de sistemas ultravioleta

A prevenção de biofouling é um desafio central para manter a alta performance e a vida útil das membranas de osmose reversa. Esse fenômeno, caracterizado pela formação de biofilmes microbianos, afeta diretamente a eficiência do processo, aumenta a perda de carga, reduz a vazão de permeado e eleva os custos com limpezas frequentes e trocas antecipadas de membranas. Nesse contexto, os sistemas ultravioletas (UV) surgem como uma solução tecnológica eficaz e sustentável, especialmente quando aplicados como etapa de pré-tratamento. Sua ação germicida interrompe o ciclo de colonização de microrganismos, contribuindo para operações mais estáveis e econômicas. O que é o biofouling e por que preveni-lo? O biofouling ocorre quando bactérias, algas, vírus ou protozoários aderem à superfície da membrana, formando uma camada de substâncias poliméricas extracelulares (EPS). Essa camada cria uma barreira física que prejudica a filtração e exige maior pressão para manter a produção de permeado, impactando diretamente o consumo energético e os custos operacionais. Como os sistemas UV atuam na prevenção de biofouling A radiação ultravioleta, especialmente no comprimento de onda de 254 nm, provoca o rompimento das ligações entre nucleotídeos no DNA dos microrganismos, resultando em dimerização de timinas. Esse dano genético impede a reprodução, levando à

Leia Mais