Uso de Ozônio para Sanitização de Água de Hemodiálise

Uso de ozônio para sanitização de água de hemodiálise tem aumentado significativamente no Brasil. Isso se deve principalmente ao seu elevado poder oxidante, em média 1.5x maior do que o cloro.

Os sistemas de tratamento e distribuição de água para hemodiálises (STDAH) são realizados por um sistema de osmose reversa de simples ou duplo passo e possuem um pré-tratamento relativamente simples. Estão presentes filtros para remoção de sólidos em suspensão, cloro e dureza da água. Porém, estudos realizados em diversos locais do mundo vêm apresentando resultados positivos no uso de Ozônio como tratamento preventivo de microrganismos em sistemas de osmose reversa para esta aplicação.

Diversas unidades de hemodiálise no Brasil já utilizam equipamentos para geração de ozônio. À medida que cresce o interesse do mercado em aplicar tal solução para reduzir riscos de contaminação, aumentam aplicações incorretas, tornando o equipamento de geração de ozônio quase sem utilidade. Assim, parte considerável das unidades visitadas pela a equipe técnica da LITER possuem algum tipo de problema em sua aplicação: seja na forma de diluição do ozônio na água, na forma que a água ozonizada é dispersada no tanque pulmão ou no dimensionamento do gerador de ozônio, tanto superdimensionado quanto subdimensionado.

Uso de ozônio para sanitização de água de hemodiálise, quando bem aplicado, tem se demonstrado altamente eficiente na prevenção de biofilmes. Um estudo realizado num hospital holandês mostrou que ozonização semanal surte efeitos excelentes, quando comparados com sistemas equivalentes não ozonizados.

Objetivo do STDAH

O objetivo de uma estação de tratamento de água para hemodiálise é oferecer ao paciente água sem risco de contaminação. Um bom sistema deve atingir este objetivo facilmente. Sanitizações realizadas com frequências elevadas, como semanalmente ou quinzenalmente, podem indicar contaminação por biofilme. Este nível de contaminação poderia ter sido prevenido facilmente pela dosagem de ozônio no STDAH. Assim, o risco de ofertar uma água ao paciente com concentrações de endotoxina acima do permitido é extremamente elevado.

O ozônio age diretamente em bactérias, vírus, cistos e ainda reduz a endotoxina presentes na água, oxidando-os. Diversas comparações entre desinfetantes têm mostrado que o ozônio é múltiplas vezes mais eficiente do que o cloro, dióxido de cloro, cloraminas, ácido peracético e tantos outros.

Outra grande vantagem é que o ozônio é um gás que estará completamente destruído em pouco tempo. Em média em até 30 minutos quando dissolvido em água. O ozônio se decompõe em oxigênio, não exigindo enxágue para removê-lo do sistema. Ele pode ser usado como a única forma de sanitização de sistemas de distribuição de água e/ou mesmo do pré-tratamento de um sistema de osmose reversa, o que reduz custos com tempo de operação e produtos químicos.

Dimensionando o Sistema

Ao adotar uso de ozônio para sanitização de água de hemodiálise, requisitos de segurança como ter que realizar um enxágue no equipamento de tratamento de água após a sanitização para remoção dos químicos utilizados podem ser eliminados. Para garantir a remoção total de ozônio, o sistema de geração deve ser desligado pelo menos uma hora antes de iniciar os procedimentos de diálise nos pacientes. Adicionalmente, a água pode passar por um sistema de ultravioleta dimensionado para remoção de ozônio. É importante mencionar que o dimensionamento da UV para esta aplicação é diferente do dimensionamento comumente utilizado. A UV, quando dimensionada para remoção de ozônio, causa a quebra imediata de sua molécula, removendo-o instantaneamente da água.

Cuidados devem ser tomados para que dosagens inadvertidas de ozônio à água sejam evitadas. Os injetores tipo Venturi para ozônio devem ser selecionados no material e tamanho adequado para o sistema. O diferencial de pressão deve ser grande o suficiente para que não haja retorno de água para o ozonizador.

Quando adotado ozonizadores para sanitização do STDAH, se faz necessário atentar para os materiais utilizados ao longo de todo sistema. Seu elevado poder de oxidação pode destruir componentes construídos em materiais não apropriados. Selos mecânicos de bombas, anéis de vedação e válvulas são itens que normalmente sofrem ataques e consequentes vazamentos após o uso de ozônio. A correta seleção de materiais evita este problema.

UV como Sistema de Desinfecção Auxiliar

O uso em conjunto com a ultravioleta pode garantir longos períodos de funcionamento do STDAH sem necessidade de saneá-lo. Naturalmente, a Ultravioleta precisa ser corretamente dimensionada. Deve-se pensar também em utilizá-la como item para destruir o ozônio, além de manter a contaminação microbiológica em níveis baixos. É importante que a automação para controlar os dois equipamentos seja precisa.

Ozônio – Startup

Antes de aplicar o uso de ozônio para sanitização de água de hemodiálise, todo o sistema de tratamento de água precisa ser mantido em condição estéril. Não adianta considerar somente o ozônio como saneante em um equipamento que precisa ser saneado semanalmente. Em casos como este, o STDAH deve passar primeiramente por uma limpeza química.

O uso de ultravioleta junto com o ozônio é altamente recomendado. Neste caso, um sistema automatizado precisa ser montado a fim de desligar a ultravioleta enquanto a água estiver sendo ozonizada. Mesmo após a ozonização, é recomendado que o sistema de ultravioleta opere desligado por um breve período.

É de extrema importância o monitoramento mais rígido do sistema até que ele demonstre que o monitoramento pode ser reduzido.

Caso seu sistema de osmose reversa possui reaproveitamento do rejeito (recirculação do rejeito) é de extrema importância monitorar esta linha. Normalmente esta linha está contaminada e não é monitorada. Em muitos casos ela é a fonte de contaminação dos sistemas de osmose reversa.

Todos os monitoramentos devem ser registrados para que se mantenha um histórico do equipamento e facilite futuras resoluções de problemas.

Podemos ser útil

LITER possui know-how e um corpo técnico dedicado a solucionar problemas para diversas aplicações. Entre em contato conosco para que possamos auxiliá-lo a encontrar a melhor solução.

Compartilhe esse conteúdo:

Leia também

Água desmineralizada para caldeiras de alta pressão

Caldeiras de alta pressão são equipamentos destinados à produção e acumulação de vapor sob temperaturas e pressão superiores às do ambiente. O vapor produzido possui ampla aplicação em indústrias, abrangendo desde a geração de energia elétrica e movimentação de máquinas até aquecimento, limpeza e esterilização de equipamentos e superfícies. Devido às condições extremas de operação, a necessidade de controle e alta qualidade de água de alimentação se tornam essenciais para evitar adversidades operacionais, redução de eficiência e até mesmo a ocorrência de catástrofes maiores. A presença de íons de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e sódio (Na+) na forma de carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, cloretos e hidróxidos podem levar à incrustação nos sistemas, dificultando a troca de calor e o escoamento do fluido. A corrosão, por sua vez, é ocasionada pela presença de gases dissolvidos, como O₂ e CO₂, que reduzem a resistência mecânica dos materiais metálicos e comprometem a estrutura das caldeiras de alta pressão. A presença de sílica, especialmente em caldeiras de alta pressão, também é crítica, pois, nessas condições, a sílica pode volatilizar e ser arrastada com o vapor, provocando incrustações nas pás de turbinas de geração de energia, causando desbalanceamento, danos mecânicos e degradação da qualidade do vapor.

Leia Mais

Remoção de nitrato por troca iônica: a resina ideal e princípios de funcionamento

A remoção de nitrato (NO3–) presente na água utilizada para consumo humano além de necessária, é regulamentada pela portaria n° 888 do Ministério da Saúde, indicando que a concentração da substância deve ser mantida abaixo de 10 mg/L (em base N) de modo a evitar danos à saúde. Comumente se encontram fontes de água subterrânea com teores de NO3– acima do permitido, e quando isto ocorre, a troca iônica é sempre uma das alternativas consideradas como rota tecnológica para a remoção de nitrato. Para esta aplicação, as resinas aniônicas são aplicadas no ciclo Cl–, e após sua exaustão, são regeneradas com soluções de NaCl. As reações de troca iônica e regeneração são apresentadas abaixo. R representa a resina e seu grupo funcional sem fazer distinção quanto ao tipo de grupo funcional. Dois tipos de resinas podem ser utilizados para remoção de nitrato, sendo elas as Aniônicas Fortemente Básicas de tipo I (SBA Tipo I) e as resinas seletivas, sendo estas referidas como resinas com melhor desempenho e eficiência na remoção da substância. Em geral, a escolha entre esses dois tipos de resinas é feita levando em consideração a química da água, em especial a presença de sulfato (SO42-). Os fatores

Leia Mais