Por que analisar sua resina de troca iônica?

Monitorar a eficiência da resina de troca iônica no processo de purificação da água pode ser um desafio. Mas ao longo desta postagem, você vai compreender por que é tão importante analisá-la, como é possível medir a sua performance e quais são as análises recomendadas para cada caso.

Leia também:

Análises básicas em resinas de troca iônica: avaliando sua performance

Análises periféricas em resinas de troca iônica: um importante acompanhamento

Análises avançadas em resinas de troca iônica: além do básico

A resina de troca iônica é empregada extensivamente na área de tratamento de água devido a sua versatilidade e facilidade operacional. Após a instalação das resinas no equipamento de tratamento de água, sua eficiência pode variar de acordo com as características do processo.

A presença de contaminantes específicos pode diminuir a vida útil das resinas, como, por exemplo, o ferro para resinas catiônicas e matéria orgânica para resinas aniônicas. Esta diminuição de vida útil é refletida como uma perda de eficiência durante os ciclos operacionais, com redução de campanha e deterioração da qualidade da água tratada.

Outros fatores que podem afetar negativamente a eficiência das resinas é a condução do processo de regeneração de maneira inadequada. Isto faz com que a resina de troca iônica não seja regenerada de forma efetiva, reduzindo sua capacidade operacional. Porém, como é possível detectar este tipo de problema?

Como saber qual é o estado da resina de troca iônica em operação?

Respondendo à pergunta acima, as análises de performance das resinas de troca iônica têm como objetivo mapear o estado e a eficiência de determinada resina em uso. As análises são feitas em laboratório após o envio de uma amostra retirada do equipamento em operação.

Existem diferentes tipos de análises de resina, cada uma com um propósito diferente, porém complementares. A Liter classifica as análises em três diferentes grupos, sendo eles:

1 – Análises Básicas

São realizadas e sugeridas para o monitoramento básico do sistema, permitindo a identificação de possíveis contaminações, problemas de quebra ou trinca na resina e determinação de características de troca iônica. As análises do grupo básico são:

– Teor de umidade;

– Densidade do leito;

– Microscopia óptica e verificação de quebrados;

– Capacidade total de troca iônica;

– Teste granulométrico.

2 – Análises Avançadas

Utilizam equipamentos de alta tecnologia, capazes de gerar imagens de excelente resolução e possibilidade de mapeamento químico da estrutura das esferas de resina. Este grupo de análises é recomendado quando há a necessidade de investigação profunda da origem de uma contaminação ou perda de eficiência do processo. As análises pertencentes a este grupo são:

– Microscopia eletrônica;

– Espectroscopia de energia dispersiva.

3 – Análises Periféricas

Utilizadas e recomendadas em situações específicas como, por exemplo, em uma possível contaminação nos regenerantes utilizados no processo de regeneração. O uso de regenerantes com características fora do especificado pode levar à diminuição severa na eficiência do processo.

– Concentração de NaOH;

– Concentração de HCl ou H2SO4;

– Determinação de ferro qualitativo (catiônicas);

– Determinação de orgânicos qualitativo (aniônicas).

Através das análises de resina de troca iônica é possível o mapeamento das condições do material em intervalos de tempo predefinidos, gerando informações que permitem a avaliação da eficiência do processo e o momento ideal de troca das resinas.

As análises de performance também podem ser utilizadas para rastrear um possível problema operacional quando se nota uma redução de eficiência anormal no sistema de resinas. Por exemplo, um sistema de desmineralização composto por uma coluna catiônica, utilizando resina catiônica forte e uma coluna aniônica com resina aniônica forte, tipo I e com estrutura em gel. Para este sistema, uma possível contaminação por orgânicos na resina aniônica reduziria a campanha total do sistema de desmineralização e levaria a um aumento no consumo de água de lavagem para coluna aniônica.

Além das análises laboratoriais que devem ser realizadas na água de alimentação, uma análise de performance para resina aniônica identificaria o grau de contaminação e qual foi a redução de capacidade da resina de forma quantitativa.

Em resumo, o objetivo das análises de performance da resina de troca iônica é monitorar o sistema de forma preditiva, evitando possíveis transtornos e identificando o momento ideal de troca das resinas, além de ser uma ferramenta poderosa para investigação de possíveis problemas operacionais. A análise recorrente permite economizar recursos, otimizar o processo e garantir água com qualidade.

Leia também: Desmineralização da água com resinas de troca iônica.

Compartilhe esse conteúdo:

Leia também

Água desmineralizada para caldeiras de alta pressão

Caldeiras de alta pressão são equipamentos destinados à produção e acumulação de vapor sob temperaturas e pressão superiores às do ambiente. O vapor produzido possui ampla aplicação em indústrias, abrangendo desde a geração de energia elétrica e movimentação de máquinas até aquecimento, limpeza e esterilização de equipamentos e superfícies. Devido às condições extremas de operação, a necessidade de controle e alta qualidade de água de alimentação se tornam essenciais para evitar adversidades operacionais, redução de eficiência e até mesmo a ocorrência de catástrofes maiores. A presença de íons de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e sódio (Na+) na forma de carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, cloretos e hidróxidos podem levar à incrustação nos sistemas, dificultando a troca de calor e o escoamento do fluido. A corrosão, por sua vez, é ocasionada pela presença de gases dissolvidos, como O₂ e CO₂, que reduzem a resistência mecânica dos materiais metálicos e comprometem a estrutura das caldeiras de alta pressão. A presença de sílica, especialmente em caldeiras de alta pressão, também é crítica, pois, nessas condições, a sílica pode volatilizar e ser arrastada com o vapor, provocando incrustações nas pás de turbinas de geração de energia, causando desbalanceamento, danos mecânicos e degradação da qualidade do vapor.

Leia Mais

Remoção de nitrato por troca iônica: a resina ideal e princípios de funcionamento

A remoção de nitrato (NO3–) presente na água utilizada para consumo humano além de necessária, é regulamentada pela portaria n° 888 do Ministério da Saúde, indicando que a concentração da substância deve ser mantida abaixo de 10 mg/L (em base N) de modo a evitar danos à saúde. Comumente se encontram fontes de água subterrânea com teores de NO3– acima do permitido, e quando isto ocorre, a troca iônica é sempre uma das alternativas consideradas como rota tecnológica para a remoção de nitrato. Para esta aplicação, as resinas aniônicas são aplicadas no ciclo Cl–, e após sua exaustão, são regeneradas com soluções de NaCl. As reações de troca iônica e regeneração são apresentadas abaixo. R representa a resina e seu grupo funcional sem fazer distinção quanto ao tipo de grupo funcional. Dois tipos de resinas podem ser utilizados para remoção de nitrato, sendo elas as Aniônicas Fortemente Básicas de tipo I (SBA Tipo I) e as resinas seletivas, sendo estas referidas como resinas com melhor desempenho e eficiência na remoção da substância. Em geral, a escolha entre esses dois tipos de resinas é feita levando em consideração a química da água, em especial a presença de sulfato (SO42-). Os fatores

Leia Mais