Desmineralização da água com resinas de troca iônica

A desmineralização da água é o processo de remoção dos sais dissolvidos em sua estrutura. A Tabela 1 apresenta alguns processos industriais que necessitam de água desmineralizada, demonstrando a importância deste processo na indústria.

Setor industrialAplicaçãoCaracterística da águaProblemática
Beneficiamento de vidrosCorte de chapas planas por jato de água com pressãoÁgua com dureza <17mg/L, sílica <15mg/L e ferro <0,1mg/LRompimento dos tubos de inox da bomba de pressurização
Beneficiamento de vidrosLaminação de vidrosÁgua isenta de sais, condutividade elétrica < 20uS/cmMá aderência do filme polimérico na chapa de vidro
Produção de ARLA 32Agente redutor líquido utilizado em veículos a dieselAlumínio < 0,5mg/L, Cobre < 0,2mg/L, Cromo < 0,2mg/L, Ferro <0,5mg/L, Fosfato <0,5mg/L, Magnésio <0,5mg/L, Potássio < 0,5mg/L, sódio <0,5mg/L, Zinco <0,2mg/LProduto não pode ser comercializado fora das especificações
PinturaTratamento superficial de peças metálicasÁgua isenta de sais, condutividade elétrica < 10uS/cmMá interação da tinta com a peça
Geração de vaporCaldeirasÁgua isenta de dureza e com baixo teor de saisIncrustações nos tubos da caldeira, diminuindo a troca de calor e eficiência do equipamento
Tabela 1 – Processos industriais que utilizam água desmineralizada.

Uma maneira de remover os sais presentes na água e torná-la pura é mediante o uso de resinas de troca iônica. Para esta aplicação, uma possibilidade é o emprego de resinas catiônicas fortes (SAC) e resinas aniônicas fortes (SBA). Existem também variações de montagem empregando resinas catiônicas fracas (WAC) e aniônicas fracas (WBA).

As resinas catiônicas são usadas em sua forma ácida no ciclo H+ e removem os cátions, enquanto as resinas aniônicas são utilizadas em sua forma básica no ciclo OH e removem os ânions da água. A sílica presente na água também é removida na estrutura da resina aniônica devido à sua tendência de polarizar-se negativamente.

A Figura 1 ilustra o processo de desmineralização da água usando estas resinas.

Figura 1 – Processo de desmineralização da água usando resinas de troca iônica.

Após a troca dos cátions e ânions, as resinas liberam H+ e OH para a água, fazendo com que a reação R.01 aconteça e tendo como produto a água isenta de sais dissolvidos.

(R.01)

Após a exaustão das resinas, elas podem ser regeneradas, retomando sua capacidade operacional para troca de íons. A resina catiônica pode ser regenerada com ácido clorídrico (HCl) ou ácido sulfúrico (H2SO4), enquanto a resina aniônica é regenerada com hidróxido de sódio (NaOH). A regeneração das resinas catiônicas usando H2SO4 envolve mais cuidados do que com HCl, e isto ocorre devido à possibilidade da formação de sais de sulfato insolúveis que podem precipitar durante o processo.

Em termos construtivos, os equipamentos podem ser montados principalmente de duas formas: com as resinas em leitos separados ou com as resinas em um leito misto. A Figura 2 apresenta o esquema de montagem de leitos separados e as resinas fornecidas pela Liter na aplicação deste processo. O software de dimensionamento integrado desenvolvido pela Liter, que será disponibilizado em breve, pode ser utilizado para o dimensionamento de sistemas de desmineralização da água em leitos separados.

Figura 2 – Resinas de troca iônica que podem ser aplicadas ao processo de desmineralização da água em leitos separados.

Os leitos mistos utilizados na desmineralização da água podem ainda ser classificados em duas classes: os leitos mistos não regeneráveis e os leitos mistos regeneráveis. A Figura 3 apresenta a linha de resinas fornecidas pela Liter para uso em leitos mistos não regeneráveis. Nesta aplicação, as resinas são fornecidas prontas para o uso e devem ser trocadas após sua saturação.

Figura 3 – Resinas de troca iônica que podem ser aplicadas ao processo de desmineralização da água em leito misto não regenerável.

Nos sistemas de leito misto regenerável, após a exaustão das resinas elas são separadas no interior da coluna antes da regeneração. A construção do vaso dever ser pensada para permitir a separação das resinas e a injeção dos diferentes regenerantes sem que ocorra sua mistura, de modo a possibilitar a regeneração das resinas. A Figura 4 apresenta a linha de resinas que a Liter possui para aplicação em leitos mistos regeneráveis.

Figura 4 – Resinas de troca iônica que podem ser aplicadas ao processo de desmineralização da água em leito misto regenerável.

Em aplicações nas quais a qualidade da água desmineralizada é mais restrita, é comum a aplicação de um leito misto após as colunas de leito separado. Este tipo de aplicação permite a obtenção de água com condutividade abaixo de 0,1uS/cm e concentrações de sílica entre 1 e 10ppb.

Entre em contato com a Liter para saber mais sobre desmineralização da água e como aplicar as resinas de troca iônica para esta finalidade.

Leia também: Resinas de troca iônica: Diferenças entre Gaussianas e Uniformes

Compartilhe esse conteúdo:

Leia também

Água desmineralizada para caldeiras de alta pressão

Caldeiras de alta pressão são equipamentos destinados à produção e acumulação de vapor sob temperaturas e pressão superiores às do ambiente. O vapor produzido possui ampla aplicação em indústrias, abrangendo desde a geração de energia elétrica e movimentação de máquinas até aquecimento, limpeza e esterilização de equipamentos e superfícies. Devido às condições extremas de operação, a necessidade de controle e alta qualidade de água de alimentação se tornam essenciais para evitar adversidades operacionais, redução de eficiência e até mesmo a ocorrência de catástrofes maiores. A presença de íons de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e sódio (Na+) na forma de carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, cloretos e hidróxidos podem levar à incrustação nos sistemas, dificultando a troca de calor e o escoamento do fluido. A corrosão, por sua vez, é ocasionada pela presença de gases dissolvidos, como O₂ e CO₂, que reduzem a resistência mecânica dos materiais metálicos e comprometem a estrutura das caldeiras de alta pressão. A presença de sílica, especialmente em caldeiras de alta pressão, também é crítica, pois, nessas condições, a sílica pode volatilizar e ser arrastada com o vapor, provocando incrustações nas pás de turbinas de geração de energia, causando desbalanceamento, danos mecânicos e degradação da qualidade do vapor.

Leia Mais

Remoção de nitrato por troca iônica: a resina ideal e princípios de funcionamento

A remoção de nitrato (NO3–) presente na água utilizada para consumo humano além de necessária, é regulamentada pela portaria n° 888 do Ministério da Saúde, indicando que a concentração da substância deve ser mantida abaixo de 10 mg/L (em base N) de modo a evitar danos à saúde. Comumente se encontram fontes de água subterrânea com teores de NO3– acima do permitido, e quando isto ocorre, a troca iônica é sempre uma das alternativas consideradas como rota tecnológica para a remoção de nitrato. Para esta aplicação, as resinas aniônicas são aplicadas no ciclo Cl–, e após sua exaustão, são regeneradas com soluções de NaCl. As reações de troca iônica e regeneração são apresentadas abaixo. R representa a resina e seu grupo funcional sem fazer distinção quanto ao tipo de grupo funcional. Dois tipos de resinas podem ser utilizados para remoção de nitrato, sendo elas as Aniônicas Fortemente Básicas de tipo I (SBA Tipo I) e as resinas seletivas, sendo estas referidas como resinas com melhor desempenho e eficiência na remoção da substância. Em geral, a escolha entre esses dois tipos de resinas é feita levando em consideração a química da água, em especial a presença de sulfato (SO42-). Os fatores

Leia Mais