Análises básicas em resinas de troca iônica: avaliando sua performance

As análises básicas em resinas de troca iônica realizadas pela Liter foram citadas no artigo “Por que analisar sua resina de troca iônica?”, bem como a sua importância para o acompanhamento da eficiência do processo e triagem de problemas operacionais. Agora, neste artigo, serão apresentados, detalhadamente, quais são os motivos para realizar cada análise e qual é a interpretação dos resultados.

Tipos de análises básicas em resinas de troca iônica

1 – Teor de umidade

O teor de umidade reflete a quantidade de água retida no interior das esferas de resina. Esta análise pode identificar a possível oxidação da estrutura polimérica da resina ou a presença de contaminantes na parte interna das esferas. Um aumento no teor de umidade pode indicar que as ligações cruzadas de divinilbenzeno no interior das esferas de resina foram oxidadas devido à exposição a agentes oxidantes, como, por exemplo: cloro livre, dióxido de cloro, ozônio, entre outros.

A quebra das ligações poliméricas da resina faz com que a força elástica da matriz polimérica diminua, permitindo a entrada de mais moléculas de água no interior da esfera. Em contrapartida, a presença de contaminantes no interior da resina, como Fe3+ ou matéria orgânica, diminui o espaço entre as cadeias poliméricas, fazendo com que o teor de umidade diminua.

2 – Densidade do leito

Esta análise mede a densidade de empacotamento das esferas de resina em uma coluna cilíndrica. A redução no valor da densidade pode indicar um maior inchaço das esferas, ocasionados por contaminação ou oxidação da estrutura polimérica. O aumento da densidade aponta a presença de finos, trincas ou esferas quebradas.

3 – Microscopia ótica e verificação de quebrados

Através da observação em microscópio ótico, torna-se possível a identificação de contaminantes ou defeitos nas esferas. Diferentes tipos de contaminantes podem ser reconhecidos devido ao formato, cor e padrão. Também podem ser constatadas trincas, fragmentos e outros defeitos estruturais da resina, permitindo a avaliação quantitativa das esferas viáveis. Desta forma, a identificação de amostras com avarias severas permite a recomendação de troca da resina. A Figura 1 apresenta uma microscopia realizada na resina catiônica KH-80 após 1 ano de operação em abrandamento de água subterrânea.

Figura 1 – Resina catiônica KH-80 após 1 ano de operação em abrandamento de água de poço.

4 – Capacidade total de troca iônica

Tem como objetivo determinar a capacidade máxima de troca iônica da resina em análise. Após esta determinação, e através da comparação com o valor nominal para a resina sem uso, é possível identificar a perda de eficiência de remoção de íons de forma quantitativa.

As causas da perda de performance não são identificadas por esta análise, sendo necessária a realização das outras análises básicas em resinas já descritas, bem como a investigação do processo. A constatação do valor da capacidade total permite determinar a necessidade de troca da resina.

5 – Granulometria

Este tipo de análise consiste em separar as resinas em diferentes frações, de acordo com o diâmetro de cada esfera. O diâmetro médio, coeficiente de uniformidade e distribuição granulométrica, obtidos na análise de granulometria, permitem a avaliação do estado físico das esferas de resina. Desvios do coeficiente de uniformidade e do diâmetro médio podem indicar quebras e geração de finos durante a operação do processo. A Figura 2 apresenta a distribuição granulométrica da resina KH-80 após 1 ano de operação para o abrandamento de água de poço.

Figura 2 – Distribuição granulométrica para resina KH-80 após 1 ano de operação em abrandamento de água de poço.

A Tabela 1 apresenta o comparativo dos diâmetros efetivo (d90), médio (d50) e com retenção de 40% (d40), além do coeficiente de uniformidade calculado utilizando os dados obtidos por meio da análise de granulometria.

Tabela 1 – Parâmetros granulométricos obtidos para resina KH-80 após 1 ano de operação e comparação com os valores de referência para resina KH-80 sem uso.

De forma geral, o conjunto de análises básicas em resinas permite a identificação do estado do material, assim como a investigação das possíveis fontes de perda de eficiência, quando realizadas de forma conjunta. A Liter possui uma infraestrutura adequada para a realização das análises, além de uma avaliação e interpretação de dados que oferecem o melhor serviço aos seus clientes.

Leia também: Análises avançadas em resinas de troca iônica: além do básico

Compartilhe esse conteúdo:

Leia também

Água desmineralizada para caldeiras de alta pressão

Caldeiras de alta pressão são equipamentos destinados à produção e acumulação de vapor sob temperaturas e pressão superiores às do ambiente. O vapor produzido possui ampla aplicação em indústrias, abrangendo desde a geração de energia elétrica e movimentação de máquinas até aquecimento, limpeza e esterilização de equipamentos e superfícies. Devido às condições extremas de operação, a necessidade de controle e alta qualidade de água de alimentação se tornam essenciais para evitar adversidades operacionais, redução de eficiência e até mesmo a ocorrência de catástrofes maiores. A presença de íons de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e sódio (Na+) na forma de carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, cloretos e hidróxidos podem levar à incrustação nos sistemas, dificultando a troca de calor e o escoamento do fluido. A corrosão, por sua vez, é ocasionada pela presença de gases dissolvidos, como O₂ e CO₂, que reduzem a resistência mecânica dos materiais metálicos e comprometem a estrutura das caldeiras de alta pressão. A presença de sílica, especialmente em caldeiras de alta pressão, também é crítica, pois, nessas condições, a sílica pode volatilizar e ser arrastada com o vapor, provocando incrustações nas pás de turbinas de geração de energia, causando desbalanceamento, danos mecânicos e degradação da qualidade do vapor.

Leia Mais

Remoção de nitrato por troca iônica: a resina ideal e princípios de funcionamento

A remoção de nitrato (NO3–) presente na água utilizada para consumo humano além de necessária, é regulamentada pela portaria n° 888 do Ministério da Saúde, indicando que a concentração da substância deve ser mantida abaixo de 10 mg/L (em base N) de modo a evitar danos à saúde. Comumente se encontram fontes de água subterrânea com teores de NO3– acima do permitido, e quando isto ocorre, a troca iônica é sempre uma das alternativas consideradas como rota tecnológica para a remoção de nitrato. Para esta aplicação, as resinas aniônicas são aplicadas no ciclo Cl–, e após sua exaustão, são regeneradas com soluções de NaCl. As reações de troca iônica e regeneração são apresentadas abaixo. R representa a resina e seu grupo funcional sem fazer distinção quanto ao tipo de grupo funcional. Dois tipos de resinas podem ser utilizados para remoção de nitrato, sendo elas as Aniônicas Fortemente Básicas de tipo I (SBA Tipo I) e as resinas seletivas, sendo estas referidas como resinas com melhor desempenho e eficiência na remoção da substância. Em geral, a escolha entre esses dois tipos de resinas é feita levando em consideração a química da água, em especial a presença de sulfato (SO42-). Os fatores

Leia Mais