O que é a UVT da água e como ela impacta seu sistema de desinfecção por luz UV

Um sistema de luz ultravioleta inativa os microrganismos presentes na água causando danos ao seu DNA, impedindo assim sua reprodução e proliferação. Contudo, para que a tecnologia seja eficaz o microrganismo deve ser exposto a dosagem de radiação adequada, o que irá propiciar o grau de remoção desejado. Alguns destes conceitos foram abordados no texto Como calcular a dosagem de luz ultravioleta para desinfecção de água?

Todos os fatores citados acima são afetados pela transmitância da água, chamada de UVT. A UVT da água pode ser entendida como a quantidade de luz que é transmitida por uma amostra, de caminho óptico fixo, em um comprimento de onda fixo. A Figura 1 ilustra este conceito de UVT da água, onde inicialmente um feixe de luz com intensidade I0 é emitido através de uma cubeta de comprimento l, contendo uma amostra com determinada concentração c, a qual é capaz de atenuar o feixe de luz a uma intensidade final I.

Figura 1 – Atenuação de um feixe de luz emitido em um comprimento de onda específico (λ) por uma amostra líquida com concentração c.

A parcela de luz absorvida pela amostra pode ser calculada pela Equação 1, sendo que sua relação com a transmitância é representada pela Equação 2.

A(λ)=  log⁡(I_0/I)     (1)

T(λ)=10^(-A(λ) )       (2)

Ao analisarmos a Figura 1 e as Equações 1 e 2, fica claro que a absorbância e a transmitância de uma amostra de água dependem do comprimento de onda do feixe de luz emitido. Em aplicações de sistemas ultravioleta esta medida é realizada em 254 nm, pois corresponde ao comprimento de emissão das lâmpadas de baixa pressão. Para sistemas de média pressão, onde a lâmpada irá apresentar um espectro de emissão policromático, a medida de UVT da água pode ser feita em diferentes comprimentos de onda, cobrindo a faixa de emissão da lâmpada e melhorando a precisão do dimensionamento do equipamento. 

A Figura 2 apresenta a faixa de emissão das lâmpadas de baixa e média pressão.

Figura 2 – Espectro de emissão de luz das lâmpadas de baixa e média pressão.

(Fonte: Adaptado de Crittenden et al., 2012.)

Quanto menor for o valor de UVT da água, maior terá que ser a potência da lâmpada para aplicar a mesma dosagem, mantendo fixo o tamanho do reator e a vazão do sistema. Isso ocorre devido a maior absorção da luz pela água. Veja abaixo alguns valores de referência para UVT em diferentes matrizes de água, levando em conta tanto absorbância quanto transmitância (λ = 254 nm):

– Águas subterrâneas: A = 0,0706-0,0088 e T = 85-98%

– Águas superficiais sem tratamento: A = 0,3010-0,0269 e T = 50-94%

– Águas superficiais após coagulação, floculação e sedimentação: A = 0,0969-0,0132 e T = 80-97%

– Águas superficiais após coagulação, floculação, sedimentação e filtração: A = 0,0706-0,0088 e T = 85-98%

– Águas superficiais após microfiltração: A = 0,0706-0,0088 e T = 85-98%

– Águas superficiais após osmose reversa: A = 0,0458-0,0044 e T = 90-99%

Os valores acima podem ser utilizados como diretrizes, porém, recomenda-se que a medição laboratorial da UVT da água seja feita sempre que necessário, confirmando o valor presente na matriz de água a ser tratada.

A Liter possui conhecimento e estrutura para a análise da UVT em diferentes matrizes de água e efluentes para aplicações de sistemas ultravioleta! Entre em contato e conheça nossos produtos.

Leia também: Como ocorre a desinfecção da água por luz ultravioleta.

Compartilhe esse conteúdo:

Leia também

Água desmineralizada para caldeiras de alta pressão

Caldeiras de alta pressão são equipamentos destinados à produção e acumulação de vapor sob temperaturas e pressão superiores às do ambiente. O vapor produzido possui ampla aplicação em indústrias, abrangendo desde a geração de energia elétrica e movimentação de máquinas até aquecimento, limpeza e esterilização de equipamentos e superfícies. Devido às condições extremas de operação, a necessidade de controle e alta qualidade de água de alimentação se tornam essenciais para evitar adversidades operacionais, redução de eficiência e até mesmo a ocorrência de catástrofes maiores. A presença de íons de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e sódio (Na+) na forma de carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, cloretos e hidróxidos podem levar à incrustação nos sistemas, dificultando a troca de calor e o escoamento do fluido. A corrosão, por sua vez, é ocasionada pela presença de gases dissolvidos, como O₂ e CO₂, que reduzem a resistência mecânica dos materiais metálicos e comprometem a estrutura das caldeiras de alta pressão. A presença de sílica, especialmente em caldeiras de alta pressão, também é crítica, pois, nessas condições, a sílica pode volatilizar e ser arrastada com o vapor, provocando incrustações nas pás de turbinas de geração de energia, causando desbalanceamento, danos mecânicos e degradação da qualidade do vapor.

Leia Mais

Remoção de nitrato por troca iônica: a resina ideal e princípios de funcionamento

A remoção de nitrato (NO3–) presente na água utilizada para consumo humano além de necessária, é regulamentada pela portaria n° 888 do Ministério da Saúde, indicando que a concentração da substância deve ser mantida abaixo de 10 mg/L (em base N) de modo a evitar danos à saúde. Comumente se encontram fontes de água subterrânea com teores de NO3– acima do permitido, e quando isto ocorre, a troca iônica é sempre uma das alternativas consideradas como rota tecnológica para a remoção de nitrato. Para esta aplicação, as resinas aniônicas são aplicadas no ciclo Cl–, e após sua exaustão, são regeneradas com soluções de NaCl. As reações de troca iônica e regeneração são apresentadas abaixo. R representa a resina e seu grupo funcional sem fazer distinção quanto ao tipo de grupo funcional. Dois tipos de resinas podem ser utilizados para remoção de nitrato, sendo elas as Aniônicas Fortemente Básicas de tipo I (SBA Tipo I) e as resinas seletivas, sendo estas referidas como resinas com melhor desempenho e eficiência na remoção da substância. Em geral, a escolha entre esses dois tipos de resinas é feita levando em consideração a química da água, em especial a presença de sulfato (SO42-). Os fatores

Leia Mais